segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Falei...

Ah! Vida, quem és? De onde vens e para onde vais? Como pode ser que sendo tanto me sinto sem ser...
Como queria saber o que ser para ser algo que faça sentido. Mas vou sentindo, como se não precisasse sentir... Como se não precisasse sentido... Como se não precisasse sentir.

Já tive asas. Essas asas queimavam e ardiam, quando eu não queria sentir. Queimavam todo mínimo sinal de sentimento. E assim eu deixava de ser infeliz... triste... irado...

Agora o que queima é esse corpo. Sinto-me em chamas. Sinto como se todo o meu corpo fosse o que antes eram minhas asas. Sinto como se o que antes ninguém podia ver, ou compreender que existia, agora fosse eu. E talvez o seja. Isso explica por quê ninguém consegue me entender. Como entender aquilo que não podemos ver? Mesmo que a fé possa provar a minha existência, ninguém nunca dirá aos outros do que sou feito.

E no final, sou feito de nada. Os sentimentos e poderes de cada um diz a si o que sou: Sou um homem... menino... poeta... filósofo... nada. Tudo é efêmero. Tudo é vaidade. Tudo é como correr atrás do vento. E eu sou esse vento, que você pode sentir quando passo. E se olhar, nada vê, se não as folhas e a poeira que carrego. Sou o reflexo que você vê no espelho, e cuja esquerda representa a sua direita. Sou como o som do galo que canta ao longe, e mesmo quando você vê o galo, já não sou mais que um eco na lembrança. Sou como o perfume de uma rosa que secou: você se lembra de mim. Você pensa em mim. Mas a imagem que vem a sua memória não é meu rosto... é uma rosa que já não é mais rosa.