domingo, 22 de dezembro de 2019

Apenas mais um devaneio...

Algumas lições só são aprendidas a custo de sofrimento. E por serem lições desagradáveis, fazemos o sofrer ser vão.

É como quando você sabe que a solidão e a carência te fazem enxergar amor onde só há amizade (algumas vezes nem isso), mesmo assim se dá o luxo de acreditar numa ilusão. Ou quando você sabe que depois que a farra acaba você vai se sentir sozinho e vazio, mesmo assim se entrega aos prazeres de uma noite.

Quem pode saber quais consequências enfrentaremos por nossas escolhas? Os diferentes são tratados diferentemente (até pelo universo). Nem tudo o que serve pra uns servirá para outros.

A solidão não é desculpa para o desleixo. O amor mais importante ainda é o próprio. (Eu preciso aprender isso de verdade pra poder colocar em prática).

O céu está clareando. O alvorecer está magnífico. Eu consigo contemplar a beleza da qual já tinha me esquecido, e isso quer dizer que voltei a ver beleza na vida. Mas ainda estou contemplando sozinho.

A solidão é como uma ferida da qual nos esquecemos até que volta a doer sem aviso. E nem precisa ser tocada pra doer.

terça-feira, 24 de setembro de 2019

A primeira noite desta primavera

24/09/2019.

São exatamente 30 anos e 3 meses. Em uma conta rápida, 11049 dias. (Considerando que não errei os anos bissextos)

Essa é a primeira madrugada desta primavera. E devo dizer que fiquei surpreso com a quantidade de estrelas que estiveram visíveis durante a noite toda. Mais surpreso ainda com o sorriso brilhante da Lua Minguante. Estamos a 4 dias da Lua Nova, mas no começo da madrugada achei que já tivéssemos chegado nela, já que as nuvens (e os prédios) a encobriam.

Mas lá estão todas: estrelas, Lua e nuvens. Que belo espetáculo! A corrida das nuvens dá até a impressão de que são as demais que passeiam pelo céu.

Tal vislumbre me jogou num estado de devaneio e contemplação. No meio dessa epifânia, me dei conta de que a última vez que parei pra contemplar o céu foi na primavera de exatos dez anos atrás.

Embora eu não saiba precisar a data, lembro vividamente que a lua também estava minguando, mas ainda quase cheia. Lembro de ter visto algumas das constelações que são visíveis hoje. Lembro que pra poder melhor observar tal céu, posicionei ao lado de fora da varanda uma cadeira de arame que permitia quase deitar, de tão reclinada que era. Naquela noite a temperatura também estava baixa, mas eu não me incomodava. Eu tinha acabado de iniciar um namoro, no dia 7 de agosto, que terminaria, se não me engano, no dia 26 de outubro. Na noite em questão, eu talvez não soubesse disso, mas já me perguntava quando seria. Também tinha nas mãos uma caneta Bic, dessas de quatro cores, e um caderno onde escrevia poesias (usando um alfabeto que desenvolvi durante o ensino médio).

Tenho sérios problemas de autoconfiança.

Não é disso que vim falar. Vim falar das conclusões e não dos caminhos que me levaram a elas. E o que concluí foi:

- Eu acabo de voltar (há alguns dias) a reparar no céu noturno. A amar a lua e as estrelas. A sentir falta do seu brilho em noites demasiadamente nublados.

- Da mesma forma, as flores que sempre estiveram nos caminhos, e que por vezes são pisadas, também estão mais visíveis pra mim. Sua beleza e até seu perfume têm me despertado interesse como não o fazem há 10 longuíssimos anos.

- Tenho sorrido mais. Mesmo não estando feliz o tempo todo, tenho sorrido quase tanto quanto naquele tempo em que fui mais feliz. Antes de me preocupar com romance e amor. Quando eu estava feliz apenas pela fé que tinha.

- Voltei a filosofar sobre a vida, a verdade e o universo. Não sei se agora tenho a mesma prática que já tive, mas as minhas teorias estão muito mais elaboradas e complexas do que jamais foram.

A minha visão a cerca da solidão se aproxima demais do que era quando eu tinha 12 pra 13 anos. Isso não é exatamente uma das conclusões a que cheguei hoje. É algo que eu tenho observado.

Recentemente eu experimentei uma paixão que acredito já ter mencionado. Essa paixão não foi exatamente uma esperança de relacionamento. Eu ainda tenho muitas feridas que não cicatrizaram, e ao que me parece ela também as tem. Ainda assim, esta pequena paixão me renovou de várias formas. Essa fagulha acendeu algo em mim. Algo que esteve apagado por dez anos (talvez mais).

"Mas você não foi casado neste período?" Alguém perguntará. A resposta é sim. Mesmo assim, algo esteve adormecido. Esse casamento não acabou por culpa de uma pessoa, apenas.

E o mais interessante disso é que, embora eu já tivesse voltado a falar com Deus, estou fazendo isso com muito mais frequência. E tenho finalmente pedido apenas pelos outros e não por mim. Quando peço por mim, não peço pelas coisas que eu costumava querer, mas que eu seja benção na vida das pessoas que me rodeiam. Exceto por uma coisa.

Tenho feito um pedido que eu penso ser estranho pra qualquer pessoa que porventura venha ler este texto: Que ainda que este amor não seja correspondido, seja o último. É isso mesmo. Que seja o último!

Sabe de uma coisa? A solidão dói. Mas a regeição também dói (e acho até que é um tipo de solidão). A traição dói até mais que a solidão (seja qual for o tipo). Então eu peço, sim, que este seja meu último amor. Sei que isso implica em abrir mão de outros sonhos, como a paternidade. Continuo resoluto naquele desejo, em detrimento deste.

Amar é tão gostoso... Mas existem outras formas de amor que não envolvem a paixão. E com o mesmo empenho cuido de todas as pessoas que amo. E com efeito, tenho recebido sorrisos como recompensa desses amores. E nenhum deles julga que pode ter ciúme de mim, bem como eu deixei de ter ciúme. (Uma confissão: sinto falta do ciúme).

Tenho também um tipo de amor que não tive antes e que é novidade pra mim: agora eu sou padrinho. (Não no âmbito religioso, mas sim no emocional). E que fofura é meu afilhado... Me enche de orgulho e sorrisos.

***

Pra finalizar o já longo texto:

Espero realmente que essa alegria, ainda inconstante, mas real, continue se tornando cada vez mais frequente. Espero continuar levando alegria pras pessoas que cruzarem meu caminho, mesmo que não permaneçam na minha vida. Espero que este amor seja o derradeiro. E, se você que está lendo isso resolver comentar, apenas me responda uma pergunta. A mesma que tenho feito todos os dias nas redes sociais:

Como posso alegrar o seu dia?

sábado, 21 de setembro de 2019

Resumão com omissões

Quem diria que eu voltaria a escrever neste blog?

Mas, parando pra pensar, se eu não achasse que poderia acontecer, já o teria apagado como fiz com os outros, não é mesmo? Ou talvez o tivesse apagado pra evitar que isso acontecesse. Rsrsrsrs

Estive pensando nas voltas que a vida dá. Quando comecei a publicar em blogs, eu tinha por volta de 12 anos. O servidor que eu usava à época já nem existe mais. E na ocasião, eu praticamente só publicava poesias, crônicas e pensamentos filosóficos.

Era uma época simples. Sentimentos simples, pensamentos simples, relacionamentos simples... Eu não tinha maturidade ou experiência pra nada muito complexo, então não tinha como ser diferente. Mesmo assim parecia que tudo era complexo demais pra mim. O que é que um pré-adolescente recém formado sabe da vida?

Era uma época feliz. Inocente... Ingênuo... Mas eu era feliz. E sim, estou dizendo que era. Aquele tempo teve seu fim. Com ele, a inocência, a felicidade e tudo o mais que havia no pacote.

Desde esse tempo já tive outros blogs, Flogão, Orkut, MSN, ICQ, e isso é só a ponta do iceberg. Deixei de escrever poesia, deixei de filosofar, deixei de... Ser aquela criança que começou a abrir a vida na internet.

Muita coisa aconteceu na vida real, também. Duas ou três escolas, cursos profissionalizantes, curso técnico, três faculdades abandonadas, quatro empregos, um quase namoro, um casamento, um divórcio, muitas amizades que vieram, foram, ficaram... Momentos felizes, momentos pavorosos, depressão, recuperação...

Muita evolução. Muito aprendizado. Um novo presente. Diferente de todos os anteriores. Na verdade, o passado parece até ficção.

Já curti séries, novelas, animes, Doramas, livros, HQs, novela, mangas, manhwas, Netflix, telecine play, tv a cabo, tv aberta...

Já comecei a estudar inglês, espanhol, francês, italiano, japonês, LIBRAS e coreano. E o meu português que já se pareceu com o do ex-presidente Temer, hoje está muito mais parecido com o de Tatá Werneck.

Já frequentei igrejas evangélicas, católicas, um centro espírita, fui agnóstico por um pequeno período, mas sem deixar realmente de ser cristão (faz sentido pra alguém?).

Já tive carro e apartamento. Não gostava da ideia de andar de moto e hoje não quero sair de cima da minha.

Quanta história... Quantas ilusões desfeitas... Quantas frustrações... Quantos tombos feios...

E todo esse passado, como já mencionei, me trouxe a este presente.

Um presente que ainda está longe de ser feliz. Mas do qual eu até que gosto!

Voltei a experimentar uma paixão passageira. Lembrei que não sou qualquer pessoa pra ter um par. Lembrei que amigos não são pessoas que estão sempre lá quando precisamos, porque eles tem as vidas deles. Lembrei que pessoas as vezes gostam da nossa companhia e acabam dando um jeito de nos encontrarmos. Lembrei que tem gente pra quem a gente só é útil. Descobri que tem gente que não está disposto a viver sem a gente.

Já me achei bom. Já me achei mal. Já me achei bonito. Descobri que estou perdendo a visão de um olho e o outro está ficando sobrecarregado.

Lembrei que ser diferente nem sempre ajuda a gente a fazer amigos. Afastei sem querer gente importante. Algumas sem nem saber como. Conheci mais gente importante. Me tornei importante pra outra gente.

Já ajudei. Já fui ajudado. Já atrapalhei, incomodei, perturbei, fui inconveniente. Já paguei (e continuo pagando) o preço por isso.

Hoje estou tentando fazer o bem pra todo mundo. Até pra quem não pede. Algumas pessoas que acham que não merecem. E tenho voltado a ser ingênuo. Inocente. Chato. Hahahahaha

30 anos. É tempo a beça... Não sei se gosto do meu passado. Mas pra mudá-lo, eu teria de abrir mão do meu presente. Então acho que, mesmo sabendo toda a dor que estaria por vir, eu não mudaria nada.

Por enquanto é só. Até qualquer dia.