terça-feira, 22 de junho de 2021

Aqueles cabelos brancos...

 Numa conversa sobre efemeridades, gastando o tempo que não volta com coisas que não trazem lucro para serem consideradas investimento, mas que com certeza se trata de um tempo bem gasto, de repente tive os olhos atraídos pra'queles cabelos brancos...


Tudo naquela conversa perdeu o rumo e, por um momento, nada importava mais do que o brilho sedoso daqueles cabelos brancos. Fiquei tão admirado que mudei o rumo da prosa. Pensei com ela que, se meus cabelos ficarem como aqueles, talvez eu não raspe mais a cabeça. Que cabelos lindos... Se os meus não estivessem esperando a maturidade pra uma doação, os descoloriria...


E de tanto falarmos da beleza daqueles cabelos, percebemos como eram iguais aos de sua mãe. Aliás, ela é a mãe da minha... E sua mãe me amava demais até os meus 3 anos, quando partiu... Suas últimas palavras pra minha mãe, foi pra que ela nunca brigasse comigo: "Ele é tão bonzinho!". Saudades da vó Rosinha...


Mas cá está a vó Iza! Bem na minha frente! Falando sobre efemeridades! E um dia não estará mais... Com seus cabelos brancos... Este foi, sem dúvida, um tempo bem gasto! E, ah! Que cabelos brancos...

terça-feira, 15 de junho de 2021

Tirando as teias de aranha...

É engraçado como as pessoas nos pedem por respostas que não querem ouvir: Perguntam por uma opinião sincera, mas esperam ouvir um elogio. Nos perguntam como estamos, mas só precisamos responder com um "Bem, e você?". Nos perguntam se temos planos, querendo que estejamos disponíveis.

Da mesma forma, a coisa que querem de nós, muitas vezes é diferente da que queremos dar: Querem amizade quando queremos dar amor. Querem que sigamos seus conselhos quando só queremos desabafar. Querem.

É engraçado como dizemos que estamos tristes e nos dizem que não podemos estar tristes porque temos corpos perfeitos e saudáveis enquanto existem doentes, amputados, deficientes... Estamos fartos enquanto muitos morrem de fome pelo mundo. Estamos em paz enquanto existem guerras no mundo. Paz... Hunf!

É estranho andar entre as pessoas e ver que elas são diferentes de você. Não falo da diversidade humana... Falo da singularidade. Humanos existem de todos os tipos! E a cada dia inventam mais. Chega a me irritar, as vezes. Quando eu era criança, se usava muito o termo "raça humana". Mas este termo já não existe mais. Não faz sentido no contexto do século XXI. Hoje a humanidade é uma espécie, e a raça é definida pela cor da pele, dos olhos, a quantidade e a qualidade dos cabelos... Se existe uma "raça humana", acho que os termos corretos pro povo que acha que são diferentes seria "corista"... Talvez "pelista"? "Olhista"? "Estúpido"?

No fim são todos iguais. Falam idiomas diferentes, mas existem em grupos. Conseguem se comunicar entre si. Quando eu era mais novo, sonhava em poder me comunicar. Por causa desse desejo, já estudei português, inglês, espanhol, francês, italiano, Libras, japonês e coreano. Mas todos esses idiomas eu desisti de aprender em algum momento. Talvez porque percebi que o meu problema de comunicação não tem relação com o idioma. Meu problema é que eu sou diferente. Eu não pertenço ao grupo. Eu não os entendo, e portanto, não consigo ser entendido.

Não estou dizendo que não tive companhia todo esse tempo! Ah, não! Tenho pais, irmãos, primos, amigos, colegas... Já tive esposa... Acho que desenvolvi minimamente ... suficientemente minhas habilidades sociais. Creio até que posso manter um diálogo inteligível por algum tempo. Consigo transmitir informações coerentes, embora nem sempre claras. Consigo compreender algumas nuances do trato humano. Mas isso não me torna um membro do grupo.

Então continuo existindo. Interagindo. Até convivendo. Mas sem atender a expectativas, enquanto diminuo cada vez mais as minhas próprias. Porque as palavras que escrevi em segredo, muitos quiseram ler, mas as palavras que eu disse em voz alta, ninguém quis ouvir. E porque quando a porta esteve aberta ninguém entrou, mas quando eu a fechei, começaram a bater. A direção pra onde aponto ninguém olha, mas quando sigo por ela me julgam. A fé que eu perdi me é cobrada, mas a fé que depositam em mim se baseia nas limitações de cada um.

Não sei por quê alguém leria o que escrevo aqui... Não vão me entender mesmo... Mas fiquem a vontade pra interpretar como quiserem. E se houver algo que eu possa desejar disso, é que terminem a leitura melhor do que começaram. Se não foi assim, não se preocupe. Apenas aconteceu que mais uma vez me leram errado.