terça-feira, 24 de setembro de 2019

A primeira noite desta primavera

24/09/2019.

São exatamente 30 anos e 3 meses. Em uma conta rápida, 11049 dias. (Considerando que não errei os anos bissextos)

Essa é a primeira madrugada desta primavera. E devo dizer que fiquei surpreso com a quantidade de estrelas que estiveram visíveis durante a noite toda. Mais surpreso ainda com o sorriso brilhante da Lua Minguante. Estamos a 4 dias da Lua Nova, mas no começo da madrugada achei que já tivéssemos chegado nela, já que as nuvens (e os prédios) a encobriam.

Mas lá estão todas: estrelas, Lua e nuvens. Que belo espetáculo! A corrida das nuvens dá até a impressão de que são as demais que passeiam pelo céu.

Tal vislumbre me jogou num estado de devaneio e contemplação. No meio dessa epifânia, me dei conta de que a última vez que parei pra contemplar o céu foi na primavera de exatos dez anos atrás.

Embora eu não saiba precisar a data, lembro vividamente que a lua também estava minguando, mas ainda quase cheia. Lembro de ter visto algumas das constelações que são visíveis hoje. Lembro que pra poder melhor observar tal céu, posicionei ao lado de fora da varanda uma cadeira de arame que permitia quase deitar, de tão reclinada que era. Naquela noite a temperatura também estava baixa, mas eu não me incomodava. Eu tinha acabado de iniciar um namoro, no dia 7 de agosto, que terminaria, se não me engano, no dia 26 de outubro. Na noite em questão, eu talvez não soubesse disso, mas já me perguntava quando seria. Também tinha nas mãos uma caneta Bic, dessas de quatro cores, e um caderno onde escrevia poesias (usando um alfabeto que desenvolvi durante o ensino médio).

Tenho sérios problemas de autoconfiança.

Não é disso que vim falar. Vim falar das conclusões e não dos caminhos que me levaram a elas. E o que concluí foi:

- Eu acabo de voltar (há alguns dias) a reparar no céu noturno. A amar a lua e as estrelas. A sentir falta do seu brilho em noites demasiadamente nublados.

- Da mesma forma, as flores que sempre estiveram nos caminhos, e que por vezes são pisadas, também estão mais visíveis pra mim. Sua beleza e até seu perfume têm me despertado interesse como não o fazem há 10 longuíssimos anos.

- Tenho sorrido mais. Mesmo não estando feliz o tempo todo, tenho sorrido quase tanto quanto naquele tempo em que fui mais feliz. Antes de me preocupar com romance e amor. Quando eu estava feliz apenas pela fé que tinha.

- Voltei a filosofar sobre a vida, a verdade e o universo. Não sei se agora tenho a mesma prática que já tive, mas as minhas teorias estão muito mais elaboradas e complexas do que jamais foram.

A minha visão a cerca da solidão se aproxima demais do que era quando eu tinha 12 pra 13 anos. Isso não é exatamente uma das conclusões a que cheguei hoje. É algo que eu tenho observado.

Recentemente eu experimentei uma paixão que acredito já ter mencionado. Essa paixão não foi exatamente uma esperança de relacionamento. Eu ainda tenho muitas feridas que não cicatrizaram, e ao que me parece ela também as tem. Ainda assim, esta pequena paixão me renovou de várias formas. Essa fagulha acendeu algo em mim. Algo que esteve apagado por dez anos (talvez mais).

"Mas você não foi casado neste período?" Alguém perguntará. A resposta é sim. Mesmo assim, algo esteve adormecido. Esse casamento não acabou por culpa de uma pessoa, apenas.

E o mais interessante disso é que, embora eu já tivesse voltado a falar com Deus, estou fazendo isso com muito mais frequência. E tenho finalmente pedido apenas pelos outros e não por mim. Quando peço por mim, não peço pelas coisas que eu costumava querer, mas que eu seja benção na vida das pessoas que me rodeiam. Exceto por uma coisa.

Tenho feito um pedido que eu penso ser estranho pra qualquer pessoa que porventura venha ler este texto: Que ainda que este amor não seja correspondido, seja o último. É isso mesmo. Que seja o último!

Sabe de uma coisa? A solidão dói. Mas a regeição também dói (e acho até que é um tipo de solidão). A traição dói até mais que a solidão (seja qual for o tipo). Então eu peço, sim, que este seja meu último amor. Sei que isso implica em abrir mão de outros sonhos, como a paternidade. Continuo resoluto naquele desejo, em detrimento deste.

Amar é tão gostoso... Mas existem outras formas de amor que não envolvem a paixão. E com o mesmo empenho cuido de todas as pessoas que amo. E com efeito, tenho recebido sorrisos como recompensa desses amores. E nenhum deles julga que pode ter ciúme de mim, bem como eu deixei de ter ciúme. (Uma confissão: sinto falta do ciúme).

Tenho também um tipo de amor que não tive antes e que é novidade pra mim: agora eu sou padrinho. (Não no âmbito religioso, mas sim no emocional). E que fofura é meu afilhado... Me enche de orgulho e sorrisos.

***

Pra finalizar o já longo texto:

Espero realmente que essa alegria, ainda inconstante, mas real, continue se tornando cada vez mais frequente. Espero continuar levando alegria pras pessoas que cruzarem meu caminho, mesmo que não permaneçam na minha vida. Espero que este amor seja o derradeiro. E, se você que está lendo isso resolver comentar, apenas me responda uma pergunta. A mesma que tenho feito todos os dias nas redes sociais:

Como posso alegrar o seu dia?

sábado, 21 de setembro de 2019

Resumão com omissões

Quem diria que eu voltaria a escrever neste blog?

Mas, parando pra pensar, se eu não achasse que poderia acontecer, já o teria apagado como fiz com os outros, não é mesmo? Ou talvez o tivesse apagado pra evitar que isso acontecesse. Rsrsrsrs

Estive pensando nas voltas que a vida dá. Quando comecei a publicar em blogs, eu tinha por volta de 12 anos. O servidor que eu usava à época já nem existe mais. E na ocasião, eu praticamente só publicava poesias, crônicas e pensamentos filosóficos.

Era uma época simples. Sentimentos simples, pensamentos simples, relacionamentos simples... Eu não tinha maturidade ou experiência pra nada muito complexo, então não tinha como ser diferente. Mesmo assim parecia que tudo era complexo demais pra mim. O que é que um pré-adolescente recém formado sabe da vida?

Era uma época feliz. Inocente... Ingênuo... Mas eu era feliz. E sim, estou dizendo que era. Aquele tempo teve seu fim. Com ele, a inocência, a felicidade e tudo o mais que havia no pacote.

Desde esse tempo já tive outros blogs, Flogão, Orkut, MSN, ICQ, e isso é só a ponta do iceberg. Deixei de escrever poesia, deixei de filosofar, deixei de... Ser aquela criança que começou a abrir a vida na internet.

Muita coisa aconteceu na vida real, também. Duas ou três escolas, cursos profissionalizantes, curso técnico, três faculdades abandonadas, quatro empregos, um quase namoro, um casamento, um divórcio, muitas amizades que vieram, foram, ficaram... Momentos felizes, momentos pavorosos, depressão, recuperação...

Muita evolução. Muito aprendizado. Um novo presente. Diferente de todos os anteriores. Na verdade, o passado parece até ficção.

Já curti séries, novelas, animes, Doramas, livros, HQs, novela, mangas, manhwas, Netflix, telecine play, tv a cabo, tv aberta...

Já comecei a estudar inglês, espanhol, francês, italiano, japonês, LIBRAS e coreano. E o meu português que já se pareceu com o do ex-presidente Temer, hoje está muito mais parecido com o de Tatá Werneck.

Já frequentei igrejas evangélicas, católicas, um centro espírita, fui agnóstico por um pequeno período, mas sem deixar realmente de ser cristão (faz sentido pra alguém?).

Já tive carro e apartamento. Não gostava da ideia de andar de moto e hoje não quero sair de cima da minha.

Quanta história... Quantas ilusões desfeitas... Quantas frustrações... Quantos tombos feios...

E todo esse passado, como já mencionei, me trouxe a este presente.

Um presente que ainda está longe de ser feliz. Mas do qual eu até que gosto!

Voltei a experimentar uma paixão passageira. Lembrei que não sou qualquer pessoa pra ter um par. Lembrei que amigos não são pessoas que estão sempre lá quando precisamos, porque eles tem as vidas deles. Lembrei que pessoas as vezes gostam da nossa companhia e acabam dando um jeito de nos encontrarmos. Lembrei que tem gente pra quem a gente só é útil. Descobri que tem gente que não está disposto a viver sem a gente.

Já me achei bom. Já me achei mal. Já me achei bonito. Descobri que estou perdendo a visão de um olho e o outro está ficando sobrecarregado.

Lembrei que ser diferente nem sempre ajuda a gente a fazer amigos. Afastei sem querer gente importante. Algumas sem nem saber como. Conheci mais gente importante. Me tornei importante pra outra gente.

Já ajudei. Já fui ajudado. Já atrapalhei, incomodei, perturbei, fui inconveniente. Já paguei (e continuo pagando) o preço por isso.

Hoje estou tentando fazer o bem pra todo mundo. Até pra quem não pede. Algumas pessoas que acham que não merecem. E tenho voltado a ser ingênuo. Inocente. Chato. Hahahahaha

30 anos. É tempo a beça... Não sei se gosto do meu passado. Mas pra mudá-lo, eu teria de abrir mão do meu presente. Então acho que, mesmo sabendo toda a dor que estaria por vir, eu não mudaria nada.

Por enquanto é só. Até qualquer dia.

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Reconstrução

A vida segue. Uma jornada que fazemos caminhando. E, sem rodas, precisamos mover as pernas pra manter o movimento. Se paramos pra descansar, também paramos de avançar.

Não é com todos que acontece, mas comigo aconteceu. Nos avanços da vida, construi sonhos e, alguns, realizei. Tive de tudo que se pode ter na vida: família, trabalho, posses, mais sonhos...

Já tive uma esposa, que pela providência nunca conseguiu me dar filhos. Um apartamento, que também já chamei de casa. Carro. Nunca fiquei desempregado.

Mas, se a providência achou por bem que eu não tivesse filhos, talvez tenha considerado o que estava por vir.

Num dado momento da vida, parece que fui atingido por uma tempestade forte o bastante pra me levantar do caminho e me arremessar incontáveis passos atrás. Mas o retrocesso em si não teria sido tão ruim, se a queda não tivesse quebrado minhas pernas.

E então estava eu sem esposa, sem emprego, sem um lugar pra chamar de casa... Sem sonhos. E mais que tudo, machucado demais pra sequer voltar a caminhar.

De fato, vi um fim na vida. Nada mais fazia sentido. Eu estava sem forças pra me arrastar. E, por fim, tentei abandonar o caminho.

Não posso dizer se foi covardia ou a providência que me impediu de ir embora. Mas estranho muito que de tantos cortes que fiz no meu corpo (os não metafóricos), o único que deixou marca não é o bastante pra que alguém que o veja desconfie que eu mesmo o provoquei.

O que eu não percebia durante esse processo, é que Minhas fraturas calcificavam, meus cortes fechavam, os arranhões cicatrizavam. Como todo organismo vivo, o meu estava lutando pra continuar vivo.

Num dado momento, eu comecei a me mover. Um tempo depois, comecei a me levantar. Sem perceber, eu estava andando de novo. Sem muletas. Sem ajuda. Estava recuperado.

Hoje estou seguindo em frente. Do começo da minha jornada. Morando com os pais... Trabalhando... Tentando construir a vida, com um lugar que eu possa chamar de meu... Planejando o dia em que possa ter as minhas coisas... Meu lar... Meus sonhos.

Se vocês chegaram até aqui e leram com atenção, devem ter notado que eu disse que estou recuperado. Não estou curado.

Algumas vezes, quando estou andando concentrado demais no caminho à frente, sou lembrado do passado pelas dores que ainda sinto nas pernas. Algumas costelas também doem, as vezes, pra me lembrar que eu caí. Algumas vezes a dor faz parecer que não consigo respirar, pra no momento seguinte parecer que nunca aconteceram. Quase como se eu despertasse de um sonho ruim.

Mas essas dores já não me impedem de continuar caminhando.

Na verdade, minha bagagem, que fica cada vez mais pesada, não tem sido um fardo. Tenho a carregado como num treino, aumentando a dificuldade conforme me adapto ao peso.

É verdade que recuperei algumas pessoas que havia deixado. Mas ninguém que sai do rio pode voltar às mesmas águas. Nada será como antes. Os sentimentos tentam disfarçar, mas a alma sempre sabe. Temos instintos.

...

Acredito que existem momentos em que a solidão é a melhor companhia. Mas ainda é uma companhia que nos deixa só. Que bom que ela faz parte da minha bagagem. Que bom que eu aprendi a andar com ela. Que bom que ela não é mais uma companhia...

Assim, seguindo em frente, olho em volta de quando em vez, pra ver os caminhos de outras pessoas que se aproximam do meu. Aproveito os breves momentos em que parece ter alguém caminhando ao meu lado. E começo a desejar que chegue o dia e que algum caminho se junte ao meu. Torcendo pra que estejamos ambos prontos para seguir juntos até o fim. Mesmo que eu esteja pronto pra isso nunca acontecer. Mas, acontecendo, que naqueles momentos em que minhas pernas, ainda não curadas, falharem, eu tenha alguém pra me ajudar a seguir. E que eu possa, quando se fizer necessário, fazer o mesmo.

Eu já pedi a Deus por paciência e Ele me fez esperar. Já pedi forças e Ele me fez carregar outras pessoas. Já pedi fé e Ele me fez enxergar obstáculos. Pedi que me ensinasse a amar e Ele me deu inimigos. E quando eu pedi sabedoria, Ele se calou, pra que eu encontrasse as respostas por mim mesmo.

Hoje não peço mais nada. E espero, quando eu der o meu último passo, ser uma pessoa melhor.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Coisas que eu sei... Agora eu sei...



Eu quero ficar perto
De tudo o que acho certo
Até o dia em que eu mudar de opinião

A minha experiência
Meu pacto com a ciência
Meu conhecimento é minha distração

Coisas que eu sei
Eu adivinho sem ninguém ter me contado

Coisas que eu sei
O meu rádio relógio mostra o tempo errado
Aperte o play
Eu gosto do meu quarto 
Do meu desarrumado
Ninguém sabe mexer na minha confusão
É o meu ponto de vista
Não aceito turistas
Meu mundo ta fechado pra visitação


Coisas que eu sei
O medo mora perto das idéias loucas
Coisas que eu sei
Se eu for eu vou assim não vou trocar de roupaÉ minha Lei


Eu corto os meus dobrados
Acerto os meus pecados
Ninguém pergunta mais depois que eu já paguei

Eu vejo o filme em pausas
Eu imagino casas
Depois eu já nem lembro do que eu desenhei

Coisas que eu sei
Não guardo mais agendas no meu celular
Coisas que eu sei
Eu compro aparelhos que eu não sei usar
Eu já comprei
Ás vezes dá preguiça
Na areia movediça
Quanto mais eu mexo mais afundo em mim
Eu moro num cenário
Do lado imaginário
Eu entro e saio sempre quando eu tô afim


Coisas que eu sei
As noites ficam claras no raiar do dia
Coisas que eu seiSão coisas que antes eu somente não sabia...
Agora eu sei...!


segunda-feira, 16 de março de 2015

Vento no litoral

Essa poesia do Renato não reflete um momento da minha vida, mas me traz paz.


É gozado que muitas músicas aparentemmte tristes têm esse efeito, em mim. E paz é melhor quando partilhada.

https://www.youtube.com/watch?v=OR1_dmqAoGY

Vento No Litoral

Legião Urbana

De tarde quero descansar
Chegar até a praia e ver
Se o vento ainda está forte
E vai ser bom subir nas pedras
Sei que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando
Tudo embora
Agora está tão longe
Ver a linha do horizonte me distrai
Dos nossos planos é que tenho mais saudade
Quando olhávamos juntos
Na mesma direção
Aonde está você agora
Além de aqui dentro de mim
Agimos certo sem querer
Foi só o tempo que errou
Vai ser difícil sem você
Porque você está comigo
O tempo todo
E quando vejo o mar
Existe algo que diz
Que a vida continua
E se entregar é uma bobagem
Já que você não está aqui
O que posso fazer
É cuidar de mim
Quero ser feliz ao menos
Lembra que o plano
Era ficarmos bem
Eieieieiei!
Olha só o que eu achei
Humrun
Cavalos-marinhos
Sei que faço isso
Pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando
Tudo embora