quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Metade

Que a força do medo que tenho
não me impeça de ver o que anseio!

Que a morte de tudo em que acredito
não me tape os ouvidos e a boca!

Porque metade de mim é o que eu grito...
Mas a outra metade é silêncio...

Que a música que ouço ao longe
seja linda ainda que tristeza!

Que a mulher que amo seja para sempre amada
mesmo que distante!

Porque metade de mim é partida...
Mas a outra metade é saudade...

Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor!
Apenas respeitadas como a única coisa
que resta a um homem inundado de sentimentos!

Porque metade de mim é o que ouço...
Mas a outra metade é o que calo...

Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz que eu mereço!

E que essa tensão que me corrói por dentro
seja um dia recompensada!

Porque metade de mim é o que penso...
Mas a outra metade é um vulcão...

Que o medo da solidão se afaste,
E que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável!

Que o espelho reflita em meu rosto num doce sorriso
que eu me lembro ter dado na infância!

Porque metade de mim é a lembrança do que fui...
A outra metade não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
pra me fazer aquietar o espírito!
e que o teu silêncio me fale cada vez mais!

Porque metade de mim é abrigo...
Mas a outra metade é cansaço...

Que a arte nos aponte uma resposta
mesmo que ela não saiba,
E que ninguém a tente complicar,
porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer!

Porque metade de mim é platéia...
E a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada,

Porque metade de mim é amor...



...




E a outra metade...


... Também.


Written by Oswaldo Montenegro - Adapted by Me

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